Marcelo Machado *

Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão ética e transparente da empresa com todos públicos com os quais ela se relaciona. Também é estabelecer metas compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.

Essa visão já faz parte do dia-a-dia de muitas empresas que utilizam recursos, poder e capacidade de mobilização para buscar soluções para as nossas dificuldades. Com essa atitude, todos saem ganhando. É a soma de esforços dessas empresas e dos demais setores da sociedade que vai ajudar na construção de um mundo melhor.

O Instituto FRED, que há 25 anos vem se guiando por esses preceitos, é sem dúvida um exemplo do que as parcerias são capazes. Ensinando a arte da tapeçaria e outros trabalhos artesanais a comunidades, de modo a propiciar ocupação, renda e inclusão social como alternativa de renda familiar. Hoje atendemos e colaboramos para reconstrução de mais de 46 mil famílias, algo em torno de 130 mil beneficiados, entre adolescentes em situação de vulnerabilidade social, crianças de vilas altamente carentes, idosos sem qualquer perspectiva de vida, soropositivos, detentos das penitenciárias do Estado e dependentes químicos.

Temos recebido, dos empresários, o apoio para este trabalho. A eles cabe, ao exercer um olhar socialmente responsável, conseguir enxergar a multiplicidade de oportunidades de negócios que o ponto de vista da gestão tradicional não permite ver. Nesse processo, todos ganham: empresas, empresários, toda a sociedade.

Não é vergonha, entre nós, enxergarmos tanta pobreza a nossa volta; a verdadeira vergonha é não fazermos nada para evitá-la. É fundamental, portanto, demonstrar o nosso carinho, o nosso respeito, dando exemplo e amenizando as dificuldades de cada um, com oportunidades concretas e verdadeiras de reintegração social. Mais que social, aliás; pessoal, emocional e espiritual. George Bernard Shaw criou uma frase que expressa, de forma definitiva, essa relação: “o pior pecado contra nosso semelhante”, escreveu ele,” não é o de odiá-los, mas o de sermos indiferentes para com eles.

Não basta, portanto, libertar o homem de sua miséria econômica. É necessário também libertá-lo da sua miséria afetiva, de sua pobreza criativa, da sua dificuldade no crescimento espiritual e, principalmente, de sua incapacidade de desfrutar o prazer da vida.

* Marcelo Machado é presidente do Instituto Fred.